domingo, 23 de maio de 2010
Quinta-feira, 13 de maio de 2010.
Hoje, na verdade, não é quinta-feira, nem dia 13 de maio. Hoje é domingo, dia 23 de maio. Eu resolvi ocupar estas páginas da internet com meu relato sobre a vida de uma pobre coitada estudante de teatro. Neste blog tudo será escrito de acordo com as experiências vividas em sala de aula. Apresentando-se: sou aluna de Artes Cênicas, na Universidade Federal de Pernambuco e estou no 3º período do curso. A disciplina responsável por este diário-desabafo é chamada Interpretação 1. O mestre? Luis Augusto da Veiga Pessoa Reis. Um breve resumo: estamos lendo a peça "A Gaivota", de Anton Tchekhov, para elaborar algumas cenas e trabalhar em cima do conceito de Teatro Realista (o mais difícil), que, nas palavras de nosso mestre é algo como "quem faz esse tipo de teatro está preparado para encarar qualquer coisa..." e eu, claro, concordo. Bom, vamos ao que interessa... Na quinta-feira decidi ler todo o livro "A Gaivota" novamente. Isso porque uma série de acontecimentos me convenceu que deveria estar completamente entregue à leitura para que pudesse absorver ao máximo o universo do texto que estava lendo. Mas vamos por partes: comprei o livro de Tchekhov (aliás, este nome tem uma pronúncia duvidosa para mim: seria "txekov" ou "txek-hov"?) no dia 18 de março deste ano, e comecei a ler no mesmo dia. Uma semana depois havia terminado todo o primeiro ato. E depois nunca mais toquei no livro. Tudo o que sabia a respeito dos personagens até então era que havia um rapaz chamado Trepliov, que era aspirante a dramaturgo, e filho de uma mulher chamada Arkadina, que me pareceu desde o início fria. Sabia também que ele amava uma moça chamada Nine e que o amor entre eles se não fosse impossível, seria dificílimo de se concretizar. Minha relação com "A Gaivota" começou aí, porém de maneira muito sutil. A cada dia eu lia uma cena diferente, antes de dormir, já deitada na cama, mas sem concentrar-me completamente ao ler. No dia 16 de abril fizemos uma improvisação com o tema "sempre só e a vida segue sempre assim", no qual tivemos que apresentar uma cena. Meu grupo (eu, Clébia e Inácio) decidimos preparar uma cena no elevador: a garota introspectiva, o rapaz "folgadão" e a executiva arrogante. Preparamos a cena um dia antes, apenas seu "esqueleto", com uma ordem dos acontecimentos. Na sexta-feira (dia 17.04) quando saí da aula do mestrado às 13h corri para o Teatro Milton Baccarelli (onde estava acontecendo nossa aula) e a mesma já havia começado. Clébia já estava na sala e me esperava afobada. Fiquei também nervosa por ver que Inácio não havia chegado ainda. Quanto mais a hora avançava, mais ficávamos agoniadas. Assistimos aos outros grupos quando finalmente ele chegou. Mal colocou sua bolsa na poltrona já subimos no palco para representar a cena. O resultado foi desastroso. Sem a mínima concentração fizemos uma cena que nem parecia ter sido estruturada e ensaiada. Durante uma conversa com a turma, onde o professor faria seus comentários a respeito das cenas assistidas, percebemos que nossa representação fora pior ainda: nossos colegas falaram sobre o clichê de escolher uma cena de elevador, e também do fato de nossa representação ter sido muito "agoniada". Quando o elevador quebrou Inácio foi logo bater nas paredes, e eu caí e soltei os livros que carregava sem apanhá-los depois. Clébia saía do elevador como se estivesse pisando em ovos, e não fingiu bem estar com os sapatos de salto, e pisando firma, como uma pessoa "importante" faria. Quando sentamos no final da aula para discutir a cena, percebemos que as primeiras "fases" de uma boa preparação do ator - o relaxamento e a concentração - não estavam bem compreendidas, e que são de extrema importância. A espera pelos outros membros do grupo e uma falta de tempo para concentrar-se no que estava por vir foram fatores que atrapalharam nosso bom desempenho. Neste dia resolvi também reler alguns capítulos de "A Preparação do Ator", de C. Stanislavski. Tá aí uma boa dica de leitura. Esperem por mais...
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